sábado, 24 de março de 2012

A Primeira Grande Guerra

I - DEFINIÇÃO:

A Primeira Guerra Mundial (também conhecida como Grande Guerra ou Guerra das Guerras) foi um conflito bélico mundial ocorrido entre 28 de Julho de 1914 e 11 de Novembro de 1918. O mapa ao lado representa a Europa em 1914.

II - ANTECEDENTES

A) IMPERIALISMO ECONOMICO: Lênin era um famoso defensor de que o sistema imperialista vigente no mundo era o responsável pela guerra. Para corroborar as suas ideias ele usou as teorias econômicas de Karl Marx e do economista inglês John A. Hobson, que antes já tinha previsto as consequências do imperialismo econômico na luta interminável por novos mercados, que levaria a um conflito global, em seu livro de 1902 chamado "Imperialismo". Tal argumento provou-se convincente no início imediato da guerra e ajudou no crescimento do Marxismo e Comunismo no desenrolar do conflito. Os panfletos de Lênin de 1917, "Imperialismo: O Último Estágio do Capitalismo", tinham como argumento que os interesses dos bancos em várias das nações capitalistas/imperialistas tinham levado à guerra.

B) CORRIDA ARMAMENTISTA:
A corrida naval entre Inglaterra e Alemanha foi intensificada em 1906 pelo surgimento do HMS Dreadnought, revolucionário navio de guerra. Uma evidente corrida armamentista na construção de navios desdobrava-se entre as duas nações. O historiador Paul Kennedy argumenta que ambas as nações acreditavam nas teorias de Alfred Thayer Mahan, de que o controle do mar era vital a uma nação.
O também historiador David Stevenson descreve a corrida como um "auto reforço de um ciclo de elevada prontidão militar", enquanto David Herrman via a rivalidade naval como parte de um grande movimento para a guerra. Contudo, Niall Ferguson argumenta que a superioridade britânica na produção naval acabou por transformar tal corrida armamentista em um fator que não contribuiu para a movimentação em direção a guerra. Este período, entre 1885 e 1914, ficou conhecido como a Paz Armada.

C) NACIONALISMOS:

C.1: Pangermanismo (em alemão Pangermanismus ou Alldeutsche Bewegung) era um movimento político do século XIX que defendia a união dos povos germânicos da Europa central.
Essa ideologia ganhou grande força com o sentimento nacionalista alemão, e logo depois com a unificação da Alemanha.
No Império Austro-Húngaro e na Prússia o sentimento pangermânico se expandiu para os alemães do Leste Europeu afetando minorias alemãs, em grande parte judeus alemães, que sofriam discriminações nos países vizinhos como nas regiões tcheco-eslovacas (Boêmia, Morávia, Eslováquia, Baixa Silésia, Transilvânia), Rússia, Polônia Central e Oriental, Países Bálticos (Lituânia e Letônia), Itália (Tirol Meridional).

C.2: Pan-eslavismo foi um movimento político e sociocultural do século XIX, que buscava a união de todos os povos eslavos. Procurava também um antecedente comum das formas variadas dos povos eslavos da Europa, tendo em mente objetivos comuns.
A primeira fase (de 1815 a 1850) começou com um despertar nacional entre os eslovacos, crosãs , cheiros, eslovenos, polácos e sérvios, desenvolvendo neles o sentimento de nacionalidade única e de irmandade entre todos os eslavos. O pan-eslavismo sempre causou um conflito na política russa, sendo por vezes usado pelo Império Russo como instrumento de propaganda.
Por isso, após 1850 houve uma associação do pan-eslavismo com o "perigo russo", pois era considerado pelos europeus como sendo a ideologia da corte czarista. Quando a Alemanha se unificou e se formou a monarquia austro-húngara, os povos eslavos ocidentais se viram dependentes da Rússia.

C.3: Revanchismo Frances: A França foi obrigada a ceder a Alsácia-Lorena (região rica em carvão e ferro) ao recém unificado Império Alemão, após a derrota francesa na Guerra Franco-prussiana, conforme previa o Tratado de Frankfurt em 1871. Logo nasceu na França a idéia de vingança, de revanche (o Revanchismo Francês), com o objetivo de recuperar Alsácia-Lorena e vingar a derrota na guerra.




C.4: Nacionalismo Servio: Reivindicava-se a união do povo sérvio, que nessa altura se encontravam em territórios estrangeiros, divididos entre o então Império Austro-húngaro e o Império Otomano. Estes territórios incluíam muito da atual Croácia (o território ao leste da linha Virovitica-Karlovac-Karlobag), toda a atual Bósnia e Herzegovina, Kosovo, norte da Albânia e da República da Macedónia. Garašanin propôs vários métodos para estender a influência da Sérvia, incidindo especialmente sobre a propaganda e à interligação com agitadores pró-sérvios, a fim de proporcionar uma situação favorável, quando o Império Otomano finalmente desmoronasse. Este plano não foi tornado público até 1897, e tem sido interpretado como uma preliminar para a unificação nacional da Sérvia, reforçando as ideias nacionalistas pró-sérvias nas regiões vizinhas, considerado no relatório como desprovido de consciência nacional propriamente dita.

D) MILITARISMO E AUTOCRACIA:
O presidente dos EUA Woodrow Wilson e outros observadores americanos culpam o militarismo pela guerra. A tese é que a aristocracia e a elite militar tinham um controle grande demais sobre a Alemanha, Itália e o Império Austro-Húngaro, e que a guerra seria a consequência de seus desejos pelo poder militar e o desprezo pela democracia.
Consequentemente, os partidários dessa teoria pediram pela abdicação de tais soberanos, o fim do sistema aristocrático e o fim do militarismo - tudo isso justificou a entrada americana na guerra depois que a Rússia czarista abandonou a Tríplice Entente. Wilson esperava que a Liga das Nações e um desarmamento universal poderia resultar numa paz, admitindo-se algumas variantes do militarismo como nos sistemas políticos da Inglaterra e França.

E) ALIANÇAS:

O clima de tensão internacional levou as grandes potências a firmar tratados de alianças com certos países. O objetivo desses tratados era somar forças para enfrentar a potência rival.
A Tríplice Aliança: formada por Alemanha, Império Austro-húngaro e Itália.
A Tríplice Entente: formada por Inglaterra, França e Rússia.



III - A EXPLOSAO DO CONFLITO
Assassinato de Francisco Ferdinando (Sarajevo, Bósnia, 28/06/1914): foi o estopim que detonou a Primeira Guerra Mundial, quando as tensões entre os dois blocos de países haviam crescido a um nível insuportável.
Principais fases: primeira fase (1914/1915)movimentação de tropas e equilíbrio entre as forças rivais; segunda fase (1915/1917) guerra de trincheiras; terceira fase (1917-1918) entrada dos Estados Unidos, ao lado da França e da Inglaterra, e derrota da Alemanha.
Entrada da Itália – A Itália, membro da Tríplice Aliança, manteve-se neutra até que, em 1915, sob promessa de receber territórios austríacos, entro na guerra ao lado de franceses e ingleses.
Saída da Rússia – Com o triunfo da Revolução Russa de 1917, onde os bolcheviques estabeleceram-se no poder, foi assinado um acordo com a Alemanha para oficializar sua retirada do grande conflito. Este acordo chamou-se Tratado de Brest-Litovsk, que impôs duras condições para a Rússia.
Entrada dos Estados Unidos – Os norte-americanos tinham muito investimentos nesta guerra com seus amigos aliados (Inglaterra e França). Era preciso garantir o recebimento de tais investimentos. Utilizou-se como pretexto o afundamento do navio “Lusitânia”, que conduzia passageiros norte-americanos.
Participação do Brasil – Os alemães, diante da superioridade naval da Inglaterra, resolveram empreender uma guerra submarina sem restrições. Na noite de 3 de abril de 1917, o navio brasileiro “Paraná” foi atacado pelos submarinos alemães perto de Barfleur, na França. O Brasil, presidido por Wenceslau Brás, rompeu as relações com Berlim e revogou sua neutralidade na guerra. Novos navios brasileiros foram afundados. No dia 25 de outubro, quando recebeu a noticia do afundamento do navio “Macau”, o Brasil declarou guerra à Alemanha. Enviou auxilio à esquadra inglesa no policiamento do Atlântico e uma missão médica.

IV CONSEQUENCIAS DA GUERRA:

a) O aparecimento de novas nações;
 b) Desmembramento do império Austro- Húngaro;
 c) A hegemonia do militarismo francês, em decorrência do desarmamento alemão;
d) A Inglaterra dividiu sua hegemonia marítima com os Estados Unidos;
 e) O enriquecimento dos Estados Unidos;
f) A depreciação do marco alemão, que baixou à milionésima parte do valor, e a baixa do franco e do dólar;
g) O surgimento do fascismo na Itália e do Nazismo na Alemanha.

Os "14 Pontos do Presidente Wilson"
Em mensagem enviada ao Congresso americano em 8 de janeiro de 1918, o Presidente Wilson sumariou sua plataforma para a Paz que concebia:

1) "acordos públicos, negociados publicamente", ou seja a abolição da diplomacia secreta;
2) liberdade dos mares;
3) eliminação das barriras econômicas entre as nações;
4) limitação dos armamentos nacionais "ao nível mínimo compatível com a segurança";
5) ajuste imparcial das pretensões coloniais, tendo em vista os interesses dos povos atingidos por elas; 6) evacuação da Rússia;
7) restauração da independência da Bélgica;
8) restituição da Alsácia e da Lorena à França;
9) reajustamento das fronteiras italianas, "seguindo linhas divisórias de nacionalidade claramente reconhecíveis";
10) desenvolvimento autônomo dos povos da Áutria-Hungria;
11) restauração da Romênia, da Sérvia e do Montenegro, com acesso ao mar para Sérvia;
12) desenvolvimento autônomo dos povos da Turquia, sendo os estreitos que ligam o Mar Negro ao Mediterrâneo "abertos permanentemente";
13) uma Polônia independente, "habitada por populações indiscutivelmente polonesas" e com acesso para o mar; e
14) uma Liga das Nações, órgão internacional que evitaria novos conflitos atuando como árbitro nas contendas entre os países.

Os "14 pontos" não previam nenhuma séria sanção para com os derrotados, abraçando a idéia de uma Paz "sem vencedores nem vencidos". No terreno prático, poucas propostas de Wilson foram aplicadas, pois o desejo de uma "vendetta" por parte da Inglaterra e principalmente da França prevaleceram sobre as intenções americanas.

O Tratado de Versalhes:

Conjunto de decisões tomadas no palácio de Versalhes no período de 1919 a 1920. As nações vencedoras da guerra, lideradas por Estados Unidos, França e Inglaterra, impuseram duras condições à Alemanha derrotada. O desejo dos alemães de superar as condições humilhantes desse tratado desempenhou papel importante entre as causas da Segunda Guerra Mundial:

- Restituir a região da Alsácia-Lorena à França.
- Ceder outras regiões à Bélgica, à Dinamarca e à Polônia ( corredor polonês).
- Ceder todas as colônias.
- Entregar quase todos seu navios mercantes à França, à Inglaterra e à Bélgica.
- Pagar uma enorme indenização em dinheiro aos paises vencedores.
- Reduzir o poderio militar de seus exércitos limitados a 100 mil voluntários, sendo proibida de possuir aviação militar, submarinos, artilharia pesada e tanques, e o recrutamento militar foi proibido.
- Considerada a grande culpada pela guerra.

A formação da Liga das Nações: em 28 de abril de 1919, a Conferência de Pás de Versalhes aprovou a criação da Liga das Nações, com a missão de agir como mediadora nos casos de conflito internacional, preservando a paz mundial. Entretanto, sem a participação de países importantes como os Estados Unidos, União Soviética e Alemanha, a liga revelou-se um organismo impotente.
A ascensão econômica dos Estados Unidos no pós-guerra: os Estados unidos alcançaram significativo desenvolvimento econômico através da exportação de produtos industrializados. A Europa tornou-se dependente dos produtos americanos.

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