terça-feira, 15 de maio de 2012

CURIOSIDADES - O PACTO NAZI SOVIÉTICO E A INVASÃO DA POLÔNIA

A Invasão da Polônia e o pacto nazi-soviético.











A 23 de agosto de 1939, milhões de pessoas em todo o mundo foram surpreendidas com a assinatura de um tratado de não-agressão entre a Alemanha e a União Soviética. O texto do prof. Antonio Pedro nos apresenta as circunstâncias históricas que levaram à assinatura do pacto. O ponto de maior tensão na Europa era a fronteira entre a Alemanha e a Polônia. Hitler desejava reincorporar Dantzig, uma cidade marítima que possuía uma população em grande parte alemã. Sabe-se que a Prússia Oriental estava isolada do resto da Alemanha por um “corredor polonês”, que garantia à Polônia o acesso ao mar. As pretensões da Alemanha em direção leste já haviam sido esboçadas por ocasião da elaboração do programa do Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães (NSDAP), que afirma: “exigimos igualdade de direitos para o povo alemão em suas relações com outras nações, e a abolição dos Tratados de Paz de Versalhes e St. Germain”. Até o mês de março de 1939, diplomacia nazista procurou uma aproximação com a Polônia, mas devido à resistência dos poloneses, Hitler partiu para a ameaça militar, que criava uma situação delicada com a União Soviética.
A União Soviética ficara isolada da política européia. Com o Acordo de Munique seu isolamento se acentuou. As pretensões de Hitler em direção ao leste, visando a conquista da Polônia, deixava os russos bastante preocupados. E as tentativas de uma aliança com os países do Ocidente, principalmente a França, para uma defesa mais coletiva, parecia cada vez mais difícil. O Acordo de Munique humilhara a liderança soviética, pois os russos insistiram numa aliança antinazista para defender a Tchecoslováquia. Por essa razão Stalin, líder do governo soviético, ordenou a seus ministros que começassem a sondar indiretamente a Alemanha para um acordo de não-agressão.
Mesmo tentando uma aproximação com a Alemanha nazista o governo soviético continuava insistindo em uma aliança antinazista para impedir o expansionismo alemão. O historiador Isaac Deustcher resume numa frase a política externa de Stalin, neste momento de tensão na Europa: “Ainda mantinha a porta da frente aberta aos britânicos e franceses e limitava o contato com os alemães à porta dos fundos”.
Mas os países ocidentais tratavam com certo desprezo as propostas de Stalin. Os negociadores do Ocidente nunca tinham credenciais necessárias para tomar importantes decisões. Os líderes da Inglaterra e França haviam mostrado uma disposição subserviente para negociar as exigências alemãs na questão tcheca; agora não se dispunham a negociar em ritmo de urgência com a União Soviética. Por essa razão, o plano de Stalin era manter-se distante da guerra de caráter imperialista, pelo menos num primeiro momento, pois uma aliança com o Ocidente o obrigaria a combater desde o primeiro dia de conflito. Segundo seus planos, a União Soviética precisava de tempo, muito tempo. Stalin sabia que o projeto político-militar da Alemanha era a expansão para o Leste, pois ela precisava do Lebensraum (o chamado espaço vital). É certo que existia a Polônia entre a União Soviética e a Alemanha, mas os russos não confiavam na ajuda do Ocidente aos poloneses, pois havia o precedente tcheco.
A velha tentativa de estabelecer a segurança coletiva morria rapidamente. Stalin substituiu Litvinov, judeu de origem, por Molotov, grão-russo. Este detalhe aparentemente sem importância revelava a tendência de Stalin de modificar a política externa e, de certa forma, aproximar-se da Alemanha. Era a resposta de Stalin à Política externa da Inglaterra e da França. Para a Alemanha nazista um pacto de não-agressão com a União Soviética poupava-lhe o risco de, em caso de guerra, ter que lutar em duas frentes.
Em agosto de 1939, foi aberta a primeira fase de conversações entre Alemanha nazista e União Soviética. No dia 23 de agosto foi assinado o famoso pacto de não-agressão nazi-soviético. Pelo acordo os dois países se comprometiam a manter-se neutros em caso de guerra, mas não havia nenhum compromisso nem acordos de amizade. Havida cláusulas de comércio e intercâmbio econômico. Através de artigos secretos, parte da Polônia habitada por bielo-russos e ucranianos passava a ser área de interesse da União Soviética. Também a Finlândia e os países bálticos passaram para área de influência soviética. À Alemanha foi garantida a neutralidade da União Soviética, o que lhe evitava a possibilidade de lutar em duas frentes.
Ainda hoje discute-se o pacto nazi-soviético. Teria sido um erro a assinatura de um acordo entre dois países absolutamente opostos e inimigos? Stalin dizia que não. Que graças ao pacto a União Soviética ganhara um ano e meio para se armar, ganhara território defensivo e, sendo a Alemanha a agressora, os soldados do Exército Vermelho lutaram com alto moral.
Há fortes dúvidas quanto a esses argumentos – os territórios conquistados à Polônia não valeram nada, pois em um dia o exército alemão os havia ultrapassado. Quanto ao tempo que Stalin poderia ter ganho, Hitler aproveitou-o muito mais, pois pôde contar com os enormes recursos dos países conquistados antes de iniciar a invasão da União Soviética.

Referência Bibliográfica:
PEDRO, Antônio. A Segunda Guerra Mundial. São Paulo: Atual; Campinas: Editora da Universidade Estadual de Campinas, 1986, pp-13-4 (Coleção Discutindo a História).


As operações começaram aproximadamente ás 4h45min do dia 1º, com o encouraçado alemão SMS Schleswig-Holstein abrindo fogo contra as guarnições polonesas da Westerplatte, península localizada em Danzig, hoje Gdansk. Horas depois, o Grupo de Exércitos Norte e Sul iniciaram a invasão por terra.

Empregando a tática da Guerra Relâmpago com tropas blindadas e mecanizadas, juntamente com inovadoras técnicas de combate e equipamentos modernos, os alemães rapidamente quebraram as linhas defensivas dos poloneses, alcançando o Vístula já em 3 de setembro, e iniciando o cerco a Varsóvia no dia 10. Ao sul, com o Grupo de Exércitos Sul, comandado por Gerd von Rundstedt, no dia 3, as tropas de Walter von Reichenau já se encontravam na retaguarda de Cracóvia, e cinco dias depois, tendo percorrido 140 milhas em uma semana, se encontravam a 10 km de Varsóvia.
A essa altura, todos os planos de defesa poloneses haviam falhado, basicamente pela mobilização das tropas alemães e pela incapacidade do exércitos polones em recuar estrategicamente, muito por causa do nível de obsolência do seu exército e da mentalidade de seus comandantes, principalmente do Chefe das Forças Armadas, General Edward Rydz-Śmigły. Os poloneses tinham duas opções de defesa; a primeira era espalhar as forças pela fronteira e recuar aos poucos até o Vístula, e ali estabelecer a última linha defensiva. A segunda era já estabelecer a linha no rio Vístula, sem recuos estratégicos. O General Rydz-Śmigły, querendo dar proteção à totalidade do território nacional, optou pela primeira opção e estendeu, ao longo das fronteiras, 7 divisões, denominadas exércitos. Essas forças foram rapidamente cercadas, e a despeito do contra-ataque do rio Bzura (Batalha de Bzura), nenhuma delas esboçou reação expressiva ou comprometeu de alguma forma a invasão como um todo.

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