Uma análise sobre a Poliarquia de
Robert Dahl
Por Leonardo Luiz Silveira da
Silva
Dahl
é um dos principais nomes da teoria da democracia. Para Dahl, por serem pobres
aproximações do ideário democrático, os regimes vigentes são “poliarquias”
(pobre democracias). Em uma de suas premissas, Dahl destaca:
“Quanto
maior o desenvolvimento socioeconômico de um regime, maior a probabilidade
deste regime ser competitivo”.
A
recíproca:
“Quanto
mais competitivo for um regime, maior a probabilidade deste regime apresentar
um elevado grau de desenvolvimento socieoeconômico.”
Por
regimes competitivos Dahl considera aqueles que possuem alternância no poder
(entre oposição e situação) ou pelo menos chances justas de que a alternância
ocorra. Em regimes competitivos, uma má gestão de um partido “X” abre espaço
para o aumento das chances da eleição do partido de oposição “Y”. Pensando
desta forma, uma boa gestão do partido “X” tornam menores as chances de eleição
do partido de oposição “Y”.
O
desenvolvimento socioeconômico é aferido pelos indicadores socioeconômicos como
a Renda Per Capita, o PIB per capita, o IDH, a taxa de mortalidade infantil, o
índice de Gini, poder e paridade de compra, expectativa de vida, dentre outros.
Uma
sugestão apresentada para testar as premissas de Dahl foi a escolha de 2
países, um supostamente democrático e outro supostamente ditatorial. A partir
desta escolha, compararíamos os dois países tomando como base alguns
indicadores socioeconômicos, esperando como resultado melhores indicadores para
os regimes democráticos. Para um melhor efeito de comparação, foi aconselhado
que os países democráticos escolhidos fossem alguns daqueles levantados por
Dahl como os dotados de mais longo período de eleições ininterruptas, a saber:
Eleições contínuas desde:
Estados
Unidos: 1788
Noruega:
1814
Bélgica:
1831
Reino
Unido: 1832
Holanda:
1848
Suíça:
1848
Nova
Zelândia: 1852
Dinamarca:
1855
Suécia:
1866
Canadá:
1867
Islândia:
1874
Luxemburgo:
1868
Austrália:
1900
Os
resultados desta sugestão podem ser encaixados em 3 grupos:
1) A comparação entre regimes
democráticos e países ditatoriais que são socialistas.
Neste caso, o resultado esperado
pode ser resumido desta forma: Indicadores econômicos bem superiores nos países
democráticos e resultados equilibrados no que diz respeito aos indicadores
sociais, o que pode ser explicado pela atenção que geralmente é dada a educação
e saúde neste tipo de regime.
2) A comparação entre regimes
democráticos e países ditatoriais que são grandes produtores de petróleo.
Neste caso, o resultado esperado
pode ser resumido desta forma:
Indicadores sociais bem superiores
nos países democráticos e resultados equilibrados no que diz respeito aos
indicadores econômicos, o que pode ser explicado pelo fator petróleo, já que a
riqueza gerada pela extração mineral tende a distorcer dados econômicos
relativos, ao mesmo tempo em que não denunciam a desigualdade social como forma
de relativizar tal efeito, com exceção do índice de Gini, que justamente foi
feito para tal propósito.
3) A comparação entre regimes
democráticos e países ditatoriais que não são socialistas e nem grande
produtores de petróleo.
Neste caso, o resultado esperado
pode ser resumido desta forma:
Tanto os indicadores econômicos
quanto os indicadores sociais dos países democráticos são muito mais positivos
do que os das ditaduras, endossando o argumento de Robert Dahl.
A democracia relativizada:
Para
Dahl, a existência de eleições não garantem a condição democrática de um
regime, já que outros fatores devem ser observados como: A liberdade de formar
e aderir a organizações, a existência de fontes alternativas de informação, a
existência de eleições livres e idôneas e a construção de instituições para
fazer com que as políticas governamentais dependam de eleições e de outras
manifestações de preferência.
Exercícios:
1)Diferencie
o papel da mídia como formadora de opinião em um regime ditatorial e em um
regime competitivo.
2) Analise
o papel das eleições contínuas para a formação de sociedades dotadas de
cidadãos críticos e participativos.
3)Formule
uma hipótese que explique o fato de um regime que desfruta de eleições ser
considerado como hegemônico (pouco competitivo).
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