segunda-feira, 11 de junho de 2012

ATIVIDADES BÁSICAS DE REVISÃO - PRIMEIRO ANO

1- Caracterize o período pré-colonial (1500-1530)


O alto investimento exigido para o desenvolvimento de atividades exploratórias e o pequeno contingente populacional fizeram com que as expedições portuguesas se limitassem à investigação dos territórios, a coleta de recursos naturais e o combate aos contrabandistas estrangeiros. Em 1501, um grupo liderado por Gaspar de Lemos nomeou algumas regiões do Rio de Janeiro e Bahia, e confirmou a presença de pau-brasil no território.


Dois anos mais tarde, o explorador Gonçalo Coelho criou feitorias no litoral fluminense que seriam utilizadas no armazenamento das toras de pau-brasil a serem transportadas para Europa. Em cada uma dessas feitorias havia a figura de um feitor responsável por assegurar os domínios da Coroa. Seguindo a lógica de exploração mercantil, Portugal tinha monopólio sob a exploração de pau-brasil. Somente uma pequena parcela de exploradores, como Fernando de Noronha, tinha concessão da Coroa para exploração.



As populações indígenas foram utilizadas como mão-de-obra na extração do pau-brasil em troca de pequenas armas e mercadorias. Nesse primeiro momento, a parceria entre os colonizadores e indígenas era marcada por uma relação mais próxima e amigável. Contudo, na medida em que os colonizadores portugueses adentraram o território, encontraram outras populações nativas que lutavam contra a invasão promovida pelos europeus.


2- Aponte os motivos para que Portugal não colonizasse o Brasil de 1500 a 1530.


Portugal via uma dupla necessidade de iniciar a colonização no Brasil. Por um lado, o reino passava por sérios problemas financeiros com a perda do monopólio do comércio das especiarias asiáticas. Por outro lado, a crescente presença estrangeira, notadamente francesa, no nosso litoral, ameaçava a posse portuguesa no novo mundo. Nesse sentido, o governo português enviou ao Brasil em 1530, a primeira expedição colonizadora, sob comando de Martim Afonso de Sousa. Essa expedição visava povoar a terra, defende-la, organizar sua administração e sistematizar a exploração econômica; enfim, colonizá-la.


3- Caracterize a colonização (início) portuguesa no Brasil.
a) Forma utilizada;
b) Produto;
c) Sociedade que se formou;
d) Tipo de trabalho.




Brasil se tornara, àquela altura, no principal pólo colonial dos interesses. Os lucros com o comércio das Índias haviam desaparecido, sendo consumidos na construção de edifícios portentosos, pelos presentes aos amigos da realeza, tanto portugueses como estrangeiros. Logo começaram a faltar recursos para a construção de navios, para organizar e manter guarnições militares, forçando o governo português a contrair empréstimo junto aos banqueiros europeus.
Muito embora estivesse interessado em investir no processo de colonização do Brasil, faltavam também os recursos para tal projeto. sendo assim, Portugal resolveu implantar um sistema em que essa tarefa fosse transferida para as mão de iniciativa particular, tendo o rei Dom João III dividido o Brasil em 15 grandes lotes (as capitanias) e os entregou a pessoas de razoáveis condições financeiras, os donatários, que eram a autoridade máxima dentro da sua capitania, tendo a responsabilidade de desenvolvê-la com seus próprios recursos. Com a morte do donatário, a administração da capitania passava para seus descendentes, surgindo daí a expressão capitania hereditária.
As relações entre o rei, os donatários e os colonos eram definidos primeiramente pela carta de doação, que transferia a posse da capitania da Coroa para o donatário, e pelo foral, que estabelecia direitos e deveres de todos. Cabia ao donatário, em primeiro lugar, colonizar a capitania, fundando vilas; em seguida, deveria policiar as suas terras, protegendo os colonos contra ataques de índios e estrangeiros. Deveria, também, fazer cumprir o monopólio real do pau-brasil e do comércio colonial e, caso fossem encontrados metais preciosos, 1/5 de seu valor seria pago à Coroa. Em contrapartida, além de passar a capitania a seus herdeiros, o donatário tinha o direito de doar sesmarias a colonos, escravizar índios para trabalho agrícola, montar engenhos, além de cobrar impostos e exercer a justiça em seus domínios.
Muito embora o propósito do governo português fosse lógico, o sistema de capitanias hereditárias foi considerado um fracasso. As principais razões para esse resultado foram a grande distância entre as capitanias e a metrópole; a grande área das capitanias, pois existiam algumas com mais de 400.000 Km2; o desinteresse de vários donatários, que por não possuírem recursos suficientes, nem chegaram a tomar posse de suas terras, bem como a falta de recursos que garantissem investimentos e o desenvolvimento colonizador. Além disso, constantes ataques dos índios, revoltados com a escravidão, além dos ataques dos corsários franceses foram problemas que contribuíram para a queda do sistema de capitanias no Brasil.
Mesmo assim, duas capitanias tornaram-se viáveis: a de São Vicente, no sul, cujo donatário era Martim Afonso de Sousa, que contou com a já fundada vila de São Vicente, seguida de novas povoações, como Santos, Santo André, São Paulo, entre outras. O sucesso povoado contou, também, com a boa administração do padre Gonçalo Monteiro, além do êxito no cultivo da cana-de-açúcar e na criação de gado. No norte, prosperou a capitania de Pernambuco, pertencente a Duarte Coelho. Foi ela a que progrediu, devido, dentre outros fatores, ao cultivo da cana-de-açúcar, que se adaptou facilmente ao clima e ao solo massapê, cujas características favoreciam esse cultivo. Além disso, seu donatário investiu grande somas na fundação de vilas, como Igaraçu e Olinda, e na pacificação dos índios tabajaras, com recursos obtidos no comércio oriental Geograficamente, além da abundância de pau-brasil, a capitania ainda era beneficiada por estar mais próxima de Portugal, o que barateava o produto.



O produto escolhido foi o  açúcar, trabalho escravo.  A sociedade no período do açúcar era marcada pela grande diferenciação social. No topo da sociedade, com poderes políticos e econômicos, estavam os senhores de engenho. Abaixo, aparecia uma camada média formada por pessoas livres (feitores, capatazes, padres, militares, comerciantes e artesãos) e funcionários públicos. E na base da sociedade estavam os escravos, de origem africana, tratados como simples mercadorias e responsáveis por quase todo trabalho desenvolvido na colônia.
Era uma sociedade patriarcal, pois o senhor de engenho exercia um grande poder social. As mulheres tinham poucos poderes e nenhuma participação política, deviam apenas cuidar do lar e dos filhos.
A casa-grande era a residência da família do senhor de engenho. Nela moravam, além da família, alguns agregados. O conforto da casa grande contrastava com a miséria e péssimas condições de higiene das senzalas (habitações dos escravos). 


4- Caracterize os americanos das áreas portuguesas.



Quando os portugueses chegaram à América, em 1500 existia no atual território brasileiro uma grande quantidade de sociedades indígenas. Muitos estudiosos acreditam que naquela época viviam aqui mais de mil povos diferentes. Os números não são precisos, mas estima-se que essa população poderia chegar a 5 milhões de habitantes. De acordo com as línguas que falavam, esses indivíduos podem ser divididos em dois grandes grupos: os Macro- – grupo linguístico que incluía povos como os Bororo e os Karajá – e osTupi-Guarani – grupo formado por povos como os Guarani, os Tupinambá e os Carijó.
Os povos falantes das línguas Macro-Jê viviam, em sua maioria, no interior do atual território brasileiro. Já os Tupi-Guarani viviam ao longo de quase toda a costa atlântica. Como nos primeiros tempos  da colonização os portugueses se concentraram no litoral, existem hoje muito mais informações a respeito dos Tupi-Guarani do que dos povos falantes das línguas Macro-Jê. 
Os Guarani ocupavam as bacias dos rios Paraná, Paraguai, Uruguai e o litoral, desde a lagoa dos Patos até Cananéia. Os Tupinambá dominavam a costa desde Iguapé até o Ceará e os vales dos rios que deságuam no mar. No interior, a fronteira ficava entre os rios Tietê e Paranapanema.
Histoblog043  - urna funerária tupi-guarani Urna funerária Tupi-Guarani, conservada no Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade Federal do Paraná, Paranaguá, Paraná.
Modo de vida e de guerra
Essas sociedades Guarani viviam basicamente da agricultura de coivara, da caça e da pesca. O milho parece ter sido o principal alimento cultivado pelos Guarani, e a mandioca amarga (para a produção de farinha) o principal cultivo dos Tupinambá.
As aldeias Tupinambá eram normalmente formadas por quatro a oito malocas dispostas em torno de um pátio central, abrigando uma população de até 2 mil pessoas. As aldeias que mantinham relações pacíficas realizavam rituais comuns e organizavam expedições guerreiras para a defesa do território.
As relações entre aldeias se articulavam sem a presença de um chefe supremo. Em tempos de guerra, cada maloca ou aldeia podia ter um chefe. Em tempos de paz, asdecisões políticas eram tomadas coletivamente pelos homens adultos.
Para os Tupi-Guarani, a guerra nem sempre almejava novos territórios e provavelmente nunca teve como objetivo  o saque ou a conquista dos despojos do inimigo. O alvo principal da guerra era a captura de prisioneiros, que não eram escravizados, mas sim mortos edevorados em rituais coletivos. A execução dos prisioneiros de guerra podia demorar vários meses. Nesse intervalo, o prisioneiro vivia na maloca de quem o havia capturado, que lhe cedia a irmã ou a filha como esposa. Às vésperas da execução, o prisioneiro era submetido a um ritual de captura, depois morto e devorado.
Sistemas numéricos
A forma como representamos os números hoje no Brasil, chamada de sistema numérico decimal, não foi inventada por aqui. Foi criada na Ásia há milhares de anos e trazida para a América pelos conquistadores europeus. Mas muito antes da chegada dos europeus os nativos do continente americano tinham suas próprias maneiras de representar os números.

Várias sociedades que existiram na região do atual México entre 3200 e 500 anos atrás, como os maias e os mexicas, utilizavam um sistema numérico com apenas três símbolos. O símbolo:

   
representava o que em nossa cultura chamamos de zero; um ponto representava uma unidade  um traço equivalia a cinco unidades. Nessa lógica, os números até 19 eram representados da seguinte forma:

Histoblog044 - sistema númerico  américa


Para representar números maiores de 19, era utilizado um sistema chamado vigesimal, ou seja, composto de múltiplos de 20. Nesse sistema, os números eram escritos verticalmente, e não horizontalmente como fazemos. O primeiro símbolo, de baixo para cima, representava um número de 0 a 19. O segundo símbolo representava um número de 0 a 19 multiplicado por 20, o terceiro símbolo representava um número de 0 a 19 multiplicado por 400 e o quarto símbolo representava um número de 0 a 19 multiplicado por 8000. Por exemplo, os números 10 791 e 40 329 eram escritos da seguinte forma:

Histoblog046


Os números na América andina

As sociedades estabelecidas na cordilheira dos Andes no momento da chegada dos europeus usavam um sistema numérico diferente. Os números eram representados por meio de nós num conjunto de cordões chamados quipo ou Kipu. É possível que os quipos fossem utilizados não apenas para o registro de números, mas também para o registro de textos.
A quantidade, a forma e a posição dos nós, assim com a cor e a extensão dos cordões, determinavam a informação registrada no quipo. Por exemplo, um quipo que registrasse os números 342, 1613, 105, 2361 e 5223 teria a forma da figura abaixo.

Histoblog042 (1)   - quipo
Histoblog042 (1) - foto de um quipo

FOTO DE UM QUIPO
A expansão dos Tupi-Guarani
Até recentemente, os estudiosos acreditavam que os Tupi-Guarani haviam chegado ao litoral atlântico pouco antes da conquista portuguesa. Tinham essa crença porque só a expansão rápida e recente poderia explicar tanta semelhança cultural entre uma população espalhada por tão amplo território.
Entretanto, o estudo de peças cerâmicas atribuídas aos Tupi-Guarani desmentiu essa hipótese, levando os pesquisadores a buscar novas explicações para a movimentação desses indígenas pela América do Sul.
Trecho do livro História dos Índios no Brasil, 1992.
Existem dois grandes modelos […] [para explicar] o processo de expansão tupi-guarani na costa brasileira. A idéia dominante é a de que um movimento migratório de sul para norte, a partir […] dos rios Paraná e Paraguai, onde Tupinambá e Guarani teriam se separado. [Alfred] Métraux sugere que a dispersão litorânea era um fato recente na época da Conquista [européia], dada a identidade cultural de vários grupos que ocupavam a costa.
O segundo modelo, mais recente e baseado na interpretação de dados arqueológicos, inverte o sentido do deslocamento tupinambá. [José] Brochado acredita que, a partir de um nicho originário amazônico, teríamos dois movimentos migratórios de orientações diversas: os […] [antepassados dos Guaranis] teriam rumado para o sul […] [pelos rios Madeira e Guaporé] e atingindo o rio Paraguai, espalhando-se ao longo de sua bacia desde o início da era cristã […]: já os […] [antepassados dos Tupinambá] teriam descido o Amazonas até sua foz, expandindo-se, em seguida, pela estreita faixa costeira em sentido oeste-leste e depois norte-sul. A ocupação total do litoral teria ocorrido entre 700-900 d.C e 1000-1200 d.C., quando os grupos Tupi mais ao sul teriam sua expansão barrada pelos Guarani. 
FAUSTO, Carlos. Fragmentos de história e cultura tupinambá. In: CUNHA, Manuela Carneiro da. História dos índios no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1992, p. 382.
CARDOSO, Oldimar. coleção Tudo é História – ensino fundamental

Technorati Marcas: Os Tupi-Guarani








5- Caracterize as tribos nativas africanas no período das navegações.






Reinos como SonghayKermaNapata,AshantiAbomeyOyo e Mossi tinham um Estado altamente organizado, com instituições complexas como um conselho de anciãos, que definia e controlava o poder exercido pelo governante da tribo – semelhante ao senado romano – e um sistema administrativo e burocrático que era muito parecido com o sistema de outras partes do mundo.
Muitos dos reinos eram cidades-estados que tinham sua área de influência, chegando a controlar diversas outras tribos. Mas as disputas dificilmente chegavam às vias de fato, à guerra, pois os líderes africanos com o passar dos séculos desenvolveram um sistema exogâmico – quando não há casamento entre parentes próximos -, o que acabava tornando os líderes das diversas tribos parentes uns dos outros.
Quando havia uma disputa, ela era resolvida pela força organizada – apenas como agente punitivo, não como motivo para expansão territorial – ou pelo diálogo, e neste caso a resolução ficava nas mãos de um conselho de sábios formados por membros das tribos envolvidas. Mas por que este costume? Na verdade, os líderes não desejavam combater os parentes, apenas resolver o problema da melhor maneira possível, sem mortes.
Ainda sobre a organização social e o sistema exogâmico, o historiador Michael Hamenoo diz:
As estruturas políticas africanas indígenas, organizadas da base para cima, giram em torno das instituições sagradas da família, de onde ramificam para o clã, a linhagem e o grupo de descendência. Através das convenções de exogamia, testadas durante milênios, os casamentos são contratados fora da linhagem, o que significa dizer que um grupo de descendência, casando, vai pertencer a outro grupo mais distante, assim ligando os grupos vizinhos numa série de alianças com uma consciência comum de identidade cultural. Esses grupos se unem para autodefender-se, quando ameaçados por um grupo estrangeiro inimigo. A autoridade, tanto temporal como espiritual, às vezes diferenciada, pertence ao homem genealogicamente precedente dentro do clã. [1]
Quando alguém erroneamente defende os europeus do processo escravista ocorrido entre os séculos XV e XVIII dizendo que “os africanos escravizavam os inimigos, que eram os próprios africanos de outras tribos!”, ele está cometendo dois erros: o primeiro é defender ou tentar justificar a escravidão, e o segundo é desconhecer a escravidão que ocorria dentro do continente africano entre as tribos que porventura guerreavam.
Ela existiu entre as tribos africanas? Sim, não podemos negar. Mas era uma escravidão bem diferente da praticada no Brasil. Os negros capturados e levados para a tribo vencedora tinham que trabalhar e lutar pela tribo, mas também tinham direitos, podendo até casar-se com um membro da tribo vencedora. Não havia a agressão gratuita observada do outro lado do oceano, muito menos a falta dos direitos sociais pertencentes aos outros membros da tribo.

A religião africana:

IansãOs africanos tinham uma noção de deus único, maior, criador, distante do homem, assim como no cristianismo ou no islamismo. Os desígnios de deus estavam fora de seu controle e de sua compreenção, e em cada grupo étnico o deus-maior recebia um nome diferente: para os Yoruba, por exemplo, era Olorum. Os Ewe chamavam-no de Mawu. Os Ashanti, de Onyankopoa [2]. Os africanos cultuavam as forças da natureza e davam a elas personalidades humanas.
Na imagem ao lado, a deusa Iansã, responsável pelos ventos e raios [fonte]. Assim como Iansã, outros deuses faziam parte da religião africana. Cada culto, em cada região ou grupo étnico tinha sua peculiaridade, mas de um modo geral podemos dizer que a religião dos povos sub-saarianos era bem parecida com a dos povos antigos, adoradores da natureza e de seus fenômenos naturais.
Para que o texto não fique tão grande, prometo que volto ao assunto em outra oportunidade. Na verdade, há muito que ser contado sobre a História da África, e não dá para colocar isso tudo em um só texto. Com o tempo, vamos construindo um painel com outros posts… esse foi apenas para dar uma pequena introdução ao tema, ok?
[1] NASCIMENTO, Elisa (org.): Sankofa: resgate da cultura afro-brasileira. volume 1. Rio de Janeiro, 1994, p. 83 e 84.
[2] Idem, p. 84. 
A escravidão existia no continente  africano desde a Antiguidade. Inicialmente, era doméstica e inexpressiva, também conhecida como escravidão "delinhagem" ou "de parentesco". Em geral, funcionava à margem da sociedade, sem que houvesse uma classe claramente definida de escravos. Boa parte do continente africano era constituída de comunidades em que as funções sociais eram assentadas na etnia e no parentesco. Nelas, os mais velhos tinham o controle da produção e o acesso às mulheres - estas eram as principais trabalhadoras agrícolas. Dessa forma, os cativos estavam também subordinados aos mais velhos e misturados aos demais membros da sociedade, muitas vezes exercendo funções similares às de outros membros do grupo. Essa sociedade familiar, definindo suas áreas de influência, foi responsável pelas fronteiras africanas entre estados e aldeias, formando inúmeros domínios distintos, subordinados aos seus chefes, os sobas. Indivíduos eram escravizados pelos mais variados motivos: por condenações a crimes ou bruxariapor dívidas;por serem prisioneiros de guerrapara servirem como penhor (garantia de pagamento) etc.


A chegada dos islâmicos, e principalmente a dos europeus, na Idade Média, a partir do século XV, afetaria profundamente esse quadro. Europeus e islâmicos intensificaram e dinamizaram o tráfico e a escravidão africana. Até então o tráfico de africanos havia sido feito por fenícios e cartaginenses, sucedidos depois pelos romanos. A milenar escravidão continuaria por muitos séculos em todo mundo, só terminando formalmente, na África, no século XX. Entretanto, cabe perguntar. "De lá pra cá, rapto de mulheres, etíopes ou outras, por príncipes árabes dos Estados do Golfo não constituiria uma sobrevivência dessas práticas acobertadas pelo 'respeito à tradição'?"
De início, a obtenção de escravos africanos pelos islâmicos fez-se com  a expansão territorial. Posteriormente, africanos escravizados eram conseguidos nas rotas comerciais transaarianas e nas do Mar Vermelho e do Oceano Índico. Estima-se que, no período de 650 a 1600, o tráfico de escravos através do Saara tenha chegado a um total aproximado de 4,82 milhões de cativos. Pela costa oriental (Mar Vermelho e Oceano Índico), entre os anos de 800 a 1600, supõe-se que esse comércio teria chegado a um total de 2,4 milhões de escravos.
Veja Tabela:
Tráfico de escravos transaariano (650-1600)
Período
Média Anual
Total estimado
650-800
1 000
    150. 000
800-900
3 000
    300. 000
900-1 100
8 700
1.740.000
1 100-1 400
5 500
1.650.000
1 400-1 500
5 300
430.000
1 500-1 600
5 500
550.000
Total
____
4 820.000
fonte: AUSTEN, 1979, p. 66. In: LOVEJOY, Paul E. A escravidão na África: uma história de suas transformações, Rio de Janeiro. Civilização Brasileira, 2002. p. 61
Tráfico de escravos no Mar Vermelho e na África Oriental (800-1600)
Costa do Mar Vermelho
Costa da África Oriental
Total
1.600.000
800.000
2.400.000
fonte: AUSTEN, 1979, p. 68. In: LOVEJOY, Paul E. A escravidão na África: uma história de suas transformações. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2002. p. 61
Cláudio Vicentino. Gianpaolo Dorigo. História para o Ensino Médio. História Geral e do Brasil. ensino médio. volume único.

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